Bandele, um baobá no RS

Sempre é muito difícil se falar da Mãe África. Um continente tão diverso quanto distante em referências concretas – e isso, sistematicamente, é um resultado da violência de um eurocentrismo histórico. Não é que elas não existam, elas foram escondidas, apagadas, destruídas… Séculos se passaram e, hoje, por muita luta da população negra, por muita modificação em regramentos sociais e criação de leis, pela arte e cultura, que nunca deixou de estar acompanhando esses corpos africanos, há um movimento crescente, assim, de se re-conhecer um continente. E a peça Bandele é o plantio de uma árvore nesse reflorestamento da História – é o semear do Baobá, árvore-símbolo, árvore da vida, de raízes e ramificações gigantes e evidentes. Acompanhando um menino, perpassa o sagrado, a oralidade, a expressão para ser mais uma peça no quebra-cabeça necessário deste caminho que deve ser estimulado desde os primórdios da infância – como indica sua sinopse em objetivos que se cumprem, sim, em seu espetáculo. SINOPSE: Bandele – o menino nascido longe de casa – bate seu tambor contando a trajetória de sua aldeia. Ele pede ajuda para os espíritos que moram no grande Baobá e protegem todas as histórias do mundo. Inspirado nos sons, tons e imagens da Mãe África, o espetáculo livremente adaptado da obra homônima da escritora gaúcha Eleonora Medeiros, ilustrada por Camilo Martins, reúne contação de histórias, teatro de animação e teatro visual. BANDELE, é um espetáculo para VER, OUVIR E SENTIR. A montagem da Trupi di Trapu apresenta um espetáculo afro-brasileiro para todos os públicos. Com efeitos percussivos ao vivo e mescla de narração, bonecos e diversas formas animadas, a obra tem duração aproximada de 50 minutos e pode ser apresentada em escolas, feiras e teatros. Bandele traz na sua essência elementos que estimulam e despertam o interesse pelo conto tradicional, o conto-enigma africano e a tradição griô. A despalavração, presente na cena, desperta o interesse sensorial pela formação, articulação e partilha da palavra. A estrutura da obra fomenta o processo de contação de história, em que contador e personagem se mesclam no mesmo tempo e lugar. Por fim, Bandele pode ser aproveitado em processo de letramento, inclusive racial, com metodologias de recontar a obra por parte das crianças, em que elas podem incrementar suas vivências e referenciais. E, não menos importante, a obra está perfeitamente alinhada e pode colaborar com a implementação nos planos de ensino das escolas da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história da África e das culturas africana e afro-brasileira no currículo da educação básica. O Coletivo Catarse assistiu à obra no sábado, 09/11, em apresentação no Teatro Glênio Peres, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Abaixo, algumas fotos de Têmis Nicolaidis: Ficha TécnicaAutora: Eleonora MedeirosEncenação: Alessandra Souza, Mayura Matos, Yannikson, Ajeff Ghenes e Viviane MarmittStand by: Anderson GonçalvesDireção Artística: Leandro SilvaBonecos e Máscaras: Anderson GonçalvesFigurinos: Mari Falcão e Marion Santos Iluminação: Vigo CigoliniLetras e Músicas: Leandro SilvaArranjos percussivos: Richard Serraria, gravado no TS estúdios sob direção de Tuti RodriguesVoz principal: Marietti FialhoAssessoria Musical: Richard Kümmel Lipke e Sérgio NardesTrilha cena duelo: Nitro DiAssessoria coreografias musicais: Juliano FélixAssessoria corpo e voz: Batukatu Grupo Artístico (Elinka e Cristiano Morales)Preparação Corporal: Anderson Gonçalves e Alessandra SouzaAssessoria Projeções e Cenografia: Marco Marchessano

Eu posso ser atriz aos 81 anos!

Sim, você pode. A frase-título, aqui, foi proferida em tom de espanto, de descoberta. A mãe de um coreógrafo, de quem vive da arte, dos palcos, ao perceber outras mulheres (50+) expressando em palco as suas vidas, que permaneciam por trás das coxias dos seus seres, se entusiasmou e finalmente… despertou! Na sexta-feira, 11 de outubro, o Maria Maria Espaço Cultural, Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, na Comuna do Arvoredo, recebeu excertos de uma parte de um projeto que chacoalha corpos e sensações – “…Foi então que, brincando comigo mesma, descobri o prazer. E, a partir de então, quando encontrava alguém que mexia comigo, já sabia o que dizer e fazer, sentir e dar prazer. Foi assim que me apresentei a mim mesma. Quando me entendi, já me sabia”. Assim se destaca Corpo Labareda, que teve sua primeira intervenção em rua, em teatro de chão, em espaço de porta aberta – como deveria ser a expressão das almas dessas mulheres que expõem em cenas e roteirizam em palimpsestos suas realidades. Com direção de Jacqueline Pinzon, textos originais orientados por Ana dos Santos e produção de La Lola Produtora/Lorena Sanchez, deve cumprir apresentações mais completas em outros espaços da cidade (acompanhe, clique aqui para mais imagens e maiores informações!) ainda em outubro. Também é parte do projeto Língua Lâmina – A Palavra Descentralizada, de artes integradas, com o apoio do Edital 11/2023 SMCEC/FUMPROARTE – Concurso de Projetos de Produção Artística.

As sombras que encantam crianças

O palco aonde a Cia Lumbra encantou crianças das escolas públicas de Santa Maria é um bom lugar para histórias. O Theatro Treze de Maio foi inaugurado em 1890 e da janela dá pra ver as bancas e muita gente circulando pela praça em frente, na 51ª Feira do Livro municipal. É a segunda feira do livro mais antiga da América Latina (a primeira é a de Porto Alegre e a terceira é Buenos Aires). Com programação cultural diversa, na ensolarada tarde de uma quinta de setembro as sombras da literatura se transformaram em criaturas fascinantes e divertidas, com gritos de assombro e euforia do público infantil. Muito riso, um pouco de espanto e muita magia:

Uma feira para outro mundo possível e necessário

Dizem que durante os três dias da FEICOOP, Santa Maria se transforma na capital mundial da Economia Solidária. A Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária, que também é uma feira da agricultura familiar, está carregada com os ideais dos fóruns sociais mundiais, que aconteceram em Porto Alegre, a partir de 2001. Mas a FEICOOP iniciou ainda antes, em 1994. Além de movimentar a economia local, proporciona encontros e trocas, por meio de oficinas e de diversas atividades formativas e culturais, com pessoas vindas de vários lugares do Brasil. Um sentimento de pertencimento, de irmandade que aflora. Essa diversidade celebrada colabora para construir um outro mundo possível, que nunca esteve tão necessário como agora, em que as mudanças climáticas ameaçam a continuidade de muitas formas de vida e de viver no planeta. Neste vídeo, conhecemos um pouco do trabalho e do que pensam participantes da 30ª edição da feira, que ocorreu em julho desse ano:

Uma festa punk! Show de 40 anos da banda Os Replicantes

Aquela cobertura colaborativa com pessoal da Scream & Yell, desta vez para registrarmos a linda noite do dia 15 de agosto, quando aconteceu o show de celebração dos 40 anos da banda Os Replicantes. Uma legítima e linda “festa punk”, que lotou o Bar Opinião em Porto Alegre. Confira um trecho do texto de Homero Pivotto Jr.E, clicando na imagem, tenha acesso ao texto completo de cobertura. Confira algumas fotos por Billy Valdez.(aqui o álbum completo)

Caos e Lama

No último dia 6 de julho, acontenceu O evento “Caos e Lama”, mais um entre muitos que vêm acontecendo no Rio Grande do Sul em prol dos atingidos pelas enchentes e chuvas do mês de maio de 2024, que assolaram o estado, literalmente nos colocando em caos e lama. Este evento em particular foi articulado em coletivo com as bandas Diokane, Välika e Death to Lovers e contou com apoio do estúdio Musicbox. O “Caos e Lama” teve objetivo de levantar apoio financeiro para as familias de Rafael Giovanoli, guitarrista da Diokane, e Izza Strange, vocalista da banda Välika, ambas famílias que residem na cidade de Canoas e tiveram suas casas atingidas pelas enchentes, perdendo praticamente tudo. No evento, foi arrecadado um montante de R$ 2.000,00, que foi dividido entre as duas famílias, um recurso financeiro que aparentemente não é muito, mas, no contexto geral da perdas imensas, é de grande ajuda para ambos. Apesar da noite muito fria na cidade de Porto Alegre, dentro do estúdio Musicbox, o calor gerado pelo som barulhento das bandas e agitação da galera esquentou as almas dos amantes da cultura underground. Conheça um pouco das bandas.

No Centro da cidade, um Sarau das matas.

No sábado, dia 22 de junho, aconteceu o Primeiro Sarau das Agroflorestas, no Espaço Cultural Maria Maria. Esse encontro de música e poesia proporcionou a interação presencial de diversas pessoas que ajudaram a construir a Carta das Agroflorestas, um documento que reuniu inicialmente 405 assinaturas e apresenta propostas para reconstrução do Estado por meio dos sistemas agroflorestais.

Cobertura internacional das enchentes no RS

Durante o mês de maio, o Coletivo Catarse recebeu a visita do jornalista independente Michael Fox – profissional estadunidense com histórico de coberturas na América Latina e atual responsável pela série em podcast Under The Shadow (sabe inglês? ouça aqui!), produzida em parceria com o Coletivo e que conta a influência e exploração do imperialismo estadunidense sobre a América Central. Numa volta que envolveu idas a bairros de São Leopoldo, Canoas, Centro da capital e ilhas, produziu-se em conjunto diversos materiais sobre as enchentes, que foram veiculados em diferentes canais de mídia mundo afora. A recorrida se iniciou em um domingo, passando-se pela Rua Washington Luiz, indo-se até as margens do Guaíba, adentrando-se ruas de praia adentro – já bastante esvaziadas, mas ainda com muitos resquícios como um fundo de lago que virou a região por muitos dias. Do primeiro movimento surgiu materia para a Al Jazeera, contando a história das pessoas e lugares atingidos – a dona da papelaria, ao lado do colégio particular, sem energia elétrica ainda, que perdeu praticamente tudo; os donos de pequenos comércios, um bar e uma lanchonete, moradores da rua, que ficaram sobre as mesas por dias a fio para cuidar de seus negócios; dos pescadores das ilhas, sem mais o que pescar; os afogados de um bairro inteiro que ficou 5m embaixo d’água; e os prédios e caminhos históricos no meio disso tudo: https://www.aljazeera.com/economy/longform/2024/6/11/the-future-is-dark-inside-the-brazilian-businesses-shattered-by-floods Um dos desdobramentos que Michael Fox reportou foi os problemas de saúde pública que começavam a aparecer. Na ida às ilhas, acompanhando um médico, viu-se um atendimento precário, mas necessário. Conversas sobre leptospirose, micoses e outros enjoôs foram constantes, fosse cruzando o Guaíba ou nos abrigos visitados – como um com mais de 500 pessoas em São Leopoldo. https://theworld.org/stories/2024/06/18/as-flood-waters-drop-brazil-faces-a-waterborne-disease-outbreak A cidade, que comemoraria 200 anos da imigração alemã logo ali, em 25 de julho, teve muitas áreas inundadas pela superação dos diques do Rio dos Sinos – um curso de água tão mais conhecido por sua escassez nas últimas décadas do que por suas cheias. O prédio da prefeitura ficou com seu primeiro andar completamente alagado, mas, nesse dia de visita, conseguimos acessar em meio à limpeza os andares superiores para uma conversa com o prefeito Ary Vanazzi. Este acompanhamento gerou um material para uma rede de televisão turca: Michael ainda deu a “sorte” de presenciar o nascimento de uma ocupação – na vizinhança da Comuna do Arvoredo, sede do Coletivo Catarse, na Rua Fernando Machado, surgiu a Ocupação Desabrigados da Enchente. https://truthout.org/articles/climate-refugees-are-occupying-abandoned-buildings-in-southern-brazil Como bom estadunidense que é, também cobrindo para um programa de rádio pública de seu país natal, de notícias globais, o tema “aeroporto” está sempre em voga – uma ida a um shopping em Canoas para presenciar as retomadas dos voôs partindo da região metropolitana de Porto Alegre. Azul, Latam e Gol usando um espaço e o saguão ao lado de uma pista de patinação no gelo para embarcar até a Base Aérea de Canoas pessoas que estavam com suas passagens remarcadas de longo tempo, presas, com destinos como São Paulo, Recife, Rio e Equador. https://theworld.org/stories/2024/06/06/a-city-in-southern-brazil-is-forced-to-adapt-after-floods-shut-down-a-major-airport Mike, mesmo sendo from USA, não voltaria mais ali – para Canoas, substituindo o Salgado Filho. Mesmo sendo estadunidense, pegou um Uber de retorno a Osório, onde embarcou em um bus a Floripa e vem mandando todo o seu trabalho captado e processado, enquanto planeja mais uma volta no futuro – que pode vir a ser Alaska, no caminho, agora, contando as histórias de como o Império agiu e como foi a resistência na nossa América do Sul – isso, então, para uma segunda temporada de Under The Shadow. To be continued… Texto: Gustavo TürckFotos: Billy Valdez, Michael J. Fox (sim, este é o nome dele) e Gustavo Türck

Organizações pela soberania popular no combate à catástrofe

Apesar do tempo nublado com momentos de garoa e do vento sul gelado (que fazia a sensação térmica parecer bem menor dos 12 C que a temperatura marcava), o sábado dia 25 de maio foi um dia de mobilização intensa. Tanto nos espaços centrais quanto nas periferias de Porto Alegre, grupos diversos de pessoas se juntaram para combater a capitalização da catástrofe que atinge o RS e pensar alternativas locais que levem em conta a ciência e as demandas dos territórios.

Die For You e Esteban Tavares em Lajeado

A banda Die For You esteve no último dia 19 de abril em uma das celebrações do aniversário de 15 anos do Galera’s Rock Bar que fica na cidade de Lajeado/RS.A atração principal da noite era a apresentação em voz e violão do ex Fresno Esteban Tavares e que também foi integrante da antiga banda aBRIL que fez muito sucesso no surgimento da cena EMO aqui no Rio Grande do Sul no ícicio dos anos 2000. Mas o maior presente nessa festa foi para o público que ficou até o final e pode presenciar Esteban cantando a música “Muggy” de sua banda aBRIL junto com a Die For You.Quem segue o artista esse foi um momento bem especial, porque fazia em torno de 15 anos que Esteban não fazia uma participação especial em show de outra banda. Um pouco dessa noite você pode conferir nas fotos do cooperado Billy Valdez que estão disponiveis no site do Galera’s Rock Bar, clicando na imagem a baixo. Videos desse momento você pode conferir nas redes sociais da Die For You.https://www.instagram.com/dieforyouoficial/