Cobertura internacional das enchentes no RS

Durante o mês de maio, o Coletivo Catarse recebeu a visita do jornalista independente Michael Fox – profissional estadunidense com histórico de coberturas na América Latina e atual responsável pela série em podcast Under The Shadow (sabe inglês? ouça aqui!), produzida em parceria com o Coletivo e que conta a influência e exploração do imperialismo estadunidense sobre a América Central. Numa volta que envolveu idas a bairros de São Leopoldo, Canoas, Centro da capital e ilhas, produziu-se em conjunto diversos materiais sobre as enchentes, que foram veiculados em diferentes canais de mídia mundo afora. A recorrida se iniciou em um domingo, passando-se pela Rua Washington Luiz, indo-se até as margens do Guaíba, adentrando-se ruas de praia adentro – já bastante esvaziadas, mas ainda com muitos resquícios como um fundo de lago que virou a região por muitos dias. Do primeiro movimento surgiu materia para a Al Jazeera, contando a história das pessoas e lugares atingidos – a dona da papelaria, ao lado do colégio particular, sem energia elétrica ainda, que perdeu praticamente tudo; os donos de pequenos comércios, um bar e uma lanchonete, moradores da rua, que ficaram sobre as mesas por dias a fio para cuidar de seus negócios; dos pescadores das ilhas, sem mais o que pescar; os afogados de um bairro inteiro que ficou 5m embaixo d’água; e os prédios e caminhos históricos no meio disso tudo: https://www.aljazeera.com/economy/longform/2024/6/11/the-future-is-dark-inside-the-brazilian-businesses-shattered-by-floods Um dos desdobramentos que Michael Fox reportou foi os problemas de saúde pública que começavam a aparecer. Na ida às ilhas, acompanhando um médico, viu-se um atendimento precário, mas necessário. Conversas sobre leptospirose, micoses e outros enjoôs foram constantes, fosse cruzando o Guaíba ou nos abrigos visitados – como um com mais de 500 pessoas em São Leopoldo. https://theworld.org/stories/2024/06/18/as-flood-waters-drop-brazil-faces-a-waterborne-disease-outbreak A cidade, que comemoraria 200 anos da imigração alemã logo ali, em 25 de julho, teve muitas áreas inundadas pela superação dos diques do Rio dos Sinos – um curso de água tão mais conhecido por sua escassez nas últimas décadas do que por suas cheias. O prédio da prefeitura ficou com seu primeiro andar completamente alagado, mas, nesse dia de visita, conseguimos acessar em meio à limpeza os andares superiores para uma conversa com o prefeito Ary Vanazzi. Este acompanhamento gerou um material para uma rede de televisão turca: Michael ainda deu a “sorte” de presenciar o nascimento de uma ocupação – na vizinhança da Comuna do Arvoredo, sede do Coletivo Catarse, na Rua Fernando Machado, surgiu a Ocupação Desabrigados da Enchente. https://truthout.org/articles/climate-refugees-are-occupying-abandoned-buildings-in-southern-brazil Como bom estadunidense que é, também cobrindo para um programa de rádio pública de seu país natal, de notícias globais, o tema “aeroporto” está sempre em voga – uma ida a um shopping em Canoas para presenciar as retomadas dos voôs partindo da região metropolitana de Porto Alegre. Azul, Latam e Gol usando um espaço e o saguão ao lado de uma pista de patinação no gelo para embarcar até a Base Aérea de Canoas pessoas que estavam com suas passagens remarcadas de longo tempo, presas, com destinos como São Paulo, Recife, Rio e Equador. https://theworld.org/stories/2024/06/06/a-city-in-southern-brazil-is-forced-to-adapt-after-floods-shut-down-a-major-airport Mike, mesmo sendo from USA, não voltaria mais ali – para Canoas, substituindo o Salgado Filho. Mesmo sendo estadunidense, pegou um Uber de retorno a Osório, onde embarcou em um bus a Floripa e vem mandando todo o seu trabalho captado e processado, enquanto planeja mais uma volta no futuro – que pode vir a ser Alaska, no caminho, agora, contando as histórias de como o Império agiu e como foi a resistência na nossa América do Sul – isso, então, para uma segunda temporada de Under The Shadow. To be continued… Texto: Gustavo TürckFotos: Billy Valdez, Michael J. Fox (sim, este é o nome dele) e Gustavo Türck

Recuperar o soque para simbolizar a superação

As enchentes no RS atingiram não só diretamente as vidas de pessoas e animais, mas também os objetos, os projetos, as atividades, planos… os diversos futuros. Em Triunfo, há cerca de 500m de distância da margem do Rio Taquari, a residência de um parceiro do Coletivo Catarse foi atingida completamente. Uma área no tranquilo bairro Olaria, fora do centro urbano, mas bem habitada, no estilo vila bucólica. A casa e a estrutura de trabalho da família, um tipo de gleba, com pequena agrofloresta, cheia de frutíferas e outros manejos, ficaram completamente sob as ferozes águas das cheias, que chegaram escoadas em um rio já quase sem mata ciliar em suas margens – uma das razões diretas do absurdo que se viveu na região. O médico veterinário Fabio Haussen e sua companheira, a psicóloga Andreia Vasques (insta: @psico.andreiavasques), agora se dividem na recuperação de suas estruturas e no auxílio à comunidade e ao município – já que fazem parte de uma frente de solidariedade que não vai parar ainda por um bom tempo. A ligação desta família com o Coletivo Catarse vem de algum tempo já. Por certa proximidade e por ter um gosto ligado à cultura do gaúcho, Fabio já participou de duas carijadas realizadas pelo Coletivo – seu sítio, no interior do município, mantém um erval, ao qual teve duas podas cedidas aos eventos, uma em 2016 e outra ano passado, em 2023. Aqui neste link é possível observar todo o processo da produção artesanal de erva-mate que se fez, demonstrado em texo, fotos e vídeo, com as imagens da colheita à pilagem. A pilagem… Foram moídos ali, então, cerca de 25kg de erva, num soque adquirido pelo Coletivo Catarse durante o projeto Roda Carijo em 2015, que acompanhou diversas carijadas ao longo dos anos, apoiando amigos e parceiros ou batucando em eventos próprios, produzidos pelo próprio Coletivo. Numa nova fase de realizações destes eventos, pós um período inerte de pandemia, esta ferramenta pesada já havia circulado alguns bons quilômetros – e se planejava, num futuro bem recente, fazê-lo andar ainda mais. Então, nesta parceria com a família de Fabio, após a I Carjada Kaatártica em Triunfo, decidiu-se por armazenar o soque na casa às margens do Rio Taquari – sob a espectativa da realização, num próximo período, de pelo menos mais duas carijadas. Infelizmente, como mais uma vítima das enchentes – mas jamais igualada em sofrimento com quaisquer das vidas atingidas por tamanho desastre -, o soque ficou completamente embaixo d’água. Agora, Dr. Fabio e o Coletivo Catarse vão, juntos, tentar recuperar esta ferramenta simbólica, fazê-la bater erva novamente e já planejar um novo encontro de carijada para representar uma superação necessária. Amigos e parceiros que não se entregarão ao infortúnio, mas de jeito nenhum! Reportagem: Bruno Pedrotti e Gustavo Türck (texto)Fotos: Billy Valdez Confira uma pequena galeria:

Ocupação Residencial Arvoredo

Na sexta, 24 de maio, 60 famílias atingidas pelas enchentes do Rio Grande do Sul ocuparam o antigo Hotel Arvoredo. Localizada na Rua Fernando Machado, Centro Histórico de Porto Alegre, a ocupação luta para seguir no local e manter a dignidade das famílias na reconstrução depois da catástrofe.

Organizações pela soberania popular no combate à catástrofe

Apesar do tempo nublado com momentos de garoa e do vento sul gelado (que fazia a sensação térmica parecer bem menor dos 12 C que a temperatura marcava), o sábado dia 25 de maio foi um dia de mobilização intensa. Tanto nos espaços centrais quanto nas periferias de Porto Alegre, grupos diversos de pessoas se juntaram para combater a capitalização da catástrofe que atinge o RS e pensar alternativas locais que levem em conta a ciência e as demandas dos territórios.

Movidas, ações e articulação em solidariedade às atingadas e atingidos pelas enchentes no RS

Desde o início de maio, o Estado do RIo Grande do Sul enfrenta um evento extremo ligado ao colapso climático e às péssimas gestões ambientais e de prevenção de cheias dos governos em todos os níveis. O modelo econômico empregado na região tem contribuído tanto com o sucateamento de órgãos e estruturas públicas de resposta a emergências do gênero como também com o desmatamento e outras fontes de emissão de CO2 – o que tem tornado mais comuns ciclones e outros eventos extremos nesta área do continente sul-americano.

Die For You e Esteban Tavares em Lajeado

A banda Die For You esteve no último dia 19 de abril em uma das celebrações do aniversário de 15 anos do Galera’s Rock Bar que fica na cidade de Lajeado/RS.A atração principal da noite era a apresentação em voz e violão do ex Fresno Esteban Tavares e que também foi integrante da antiga banda aBRIL que fez muito sucesso no surgimento da cena EMO aqui no Rio Grande do Sul no ícicio dos anos 2000. Mas o maior presente nessa festa foi para o público que ficou até o final e pode presenciar Esteban cantando a música “Muggy” de sua banda aBRIL junto com a Die For You.Quem segue o artista esse foi um momento bem especial, porque fazia em torno de 15 anos que Esteban não fazia uma participação especial em show de outra banda. Um pouco dessa noite você pode conferir nas fotos do cooperado Billy Valdez que estão disponiveis no site do Galera’s Rock Bar, clicando na imagem a baixo. Videos desse momento você pode conferir nas redes sociais da Die For You.https://www.instagram.com/dieforyouoficial/

Canais para acompanhar a luta indígena no ATL 24

Ao longo desta semana, de 22 a 26 de abril, centenas de povos diferentes se reunem em Brasília (DF) para a maior mobilização indígena do país. No ano em que completa 20 anos, o Acampamento Terra Livre traz como mote “Nosso marco é ancestral, sempre estivemos aqui ” em oposição à tese do Marco Temporal, que reduz aos povos tradicionais o direito a terras ocupadas antes de 1988.

Quando a percussão é o coração

No domingo, 7 de abril, o trio Metá Metá esteve com o compositor Douglas Germano no palco do Agulha, na zona norte de Porto Alegre. Lugar de bom espaço, aconchegante – de luz e conforto. Banda de apresentação fenomenal. Um trio com Juçara Marçal (voz), Kiko Dinucci (guitarra) e Thiago França (saxofone), que tem nas suas obras uma tendência forte ao jazz, brasileiro, bem sambado – aliás, eu, na minha ingenuidade sonora, chamaria muito mais de um samba jazzado. Foi um show de sopros e cordas – de violões, cavaco e vocais. E de presença de palco. Impressionante como pessoas com semblante simples, no ápice de suas artes, performando magistralmente, parecem gigantes ali na nossa frente, quase na distância de nosso toque. E o som… Quem ouve Metá Metá, gravado, nas suas plataformas de streaming favoritas – ou baixando as músicas do próprio site da banda (aqui!) – vai perceber que o elemento percussivo está muitas vezes bem presente. Só que o trio é formado por músicos sem as batidas. E confesso que não senti falta do pulsar grave, porque o equilíbrio voz-cordas-sax foi tamanho que entendi o ressoar do meu tambor interno completando as melodias – meu coração foi o “molho”. Destaque para a facilidade com que Juçara Marçal canta, que voz, que mulher – aclamada como “Deusa!” pela plateia (de mais homens que mulheres, interessante). Quem não conhece a banda e gosta de música boa… Pesquisa que não vai se arrepender (aqui o Wikipedia, o insta oficial, ali o site oficial, neste aqui, o insta do Douglas Germano, um encaixe que se mostrou perfeito). Release oficial do show, adaptado: O @agulha.poa recebeu de maneira inédita o mágico encontro entre alguns de seus artistas favoritos: @metametaoficial & @douglas__germano ✨ Metá Metá é formado por @jucaramarcal (voz), @thiagosax (sax) e @kikodinucci (guitarra) desde 2008. A banda tem 3 discos lançados e 2 EPs, onde funde elementos da canção brasileira com música africana, jazz e rock. “Metá Metá” em yoruba quer dizer “três ao mesmo tempo”. Já Douglas Germano é compositor desde 1986, gravado pela primeira vez pelo grupo Fundo de Quintal e conhecido nacionalmente na voz de Elza Soares. Autor de discos antológicos como Golpe de Vista, Escumalha e o mais recente, Partido Alto. Em 2016 ganhou o Prêmio Multishow na categoria Música do Ano por sua “Maria de Vila Matilde”. Com a mesma canção foi indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor música em língua portuguesa. O repertório desse show reuniu canções dos discos de ambos artistas, bem como inspirações e versões de canções que certamente irão crescer a partir desse encontro. Texto original de Gustavo Türck, fotos de Têmis Nicolaidis.

Neptunn, nova formação e lançamento do EP (Re)Existence

A banda de death metal Neptunn apresentou sua nova formação neste ano de 2024 com a entrada da baixista Nathália Ernst @nath.ernst, e nós do Coletivo Catarse em mais uma parceria com a banda realizamos a sessão de fotos promos da nova formação.Nath é natural de Cachoeira do Sul (RS), ela mora em Porto Alegre há uma década. Hoje com 27 anos, a Nath bebeu na fonte do rock desde a infância por influência do irmão. Na adolescência, mergulhou fundo no som pesado ao conhecer a banda Kittie e identificar-se com as mulheres da cena metal, como Makhashanah (Asagraum) e June Millington (Fanny). Netpunn 2024. Fotos promocionais da banda pelo cooperado Billy Valdez. Formação atual:@rafaelgiovanoli – Guitarra@laripires – Voz@bfogace – Guitarra@nath.ernst– Baixo@mattmontenegro_ – Bateria Alêm da apresentação da nova formação a banda recentemente lançou seu EP de estreia intitulado (Re) Existence que conta com 6 faixas de puro death metal brutal, e você pode escutar ele sem moderação nas princiapais redes de streaming de sua preferencia. Ficha técnica. Neptunn – (Re)Existence EP (2024)01. The Path to Existence02. Transmutate03. Resignify04. Onward to Nothingness05. The Hidden Self (feat. Vini Castellari)06. Waves of Neptune Solo de “The Hidden Self” por Vini Castellari / Project46.Mixagem de Felipe “Boss” Pujol.Gravação das baterias no RR44 Artistic Complex por Rafael Siqueira. Aqui deixamos os links do Youtube e Spotify da banda.